Todo o conhecimento de mundo que possuímos é construído através de nossas experiências sensitivas. Atravessar a rua, tomar cuidado em certos lugares, o como agir em certas circunstâncias... Cada aprendizado é primeiramente ensinado pelos pais e logo o mundo nos cobra em diversas situações.
O processo educacional, porém, às vezes é falho. Ao darmos mais ênfase à educação religiosa ou sexual, esquecemos que também estamos criando indivíduos que interagem entre si e como o meio. Procuramos não agir erroneamente na frente dos filhos para não ensiná-los ou acostumá-los com o que é errado, mas não hesitamos em jogar lixo na rua ou desperdiçar água na frente deles. Somos os espelhos dos mais jovens, e temos que limpar as manchas para que as próximas gerações sejam mais ativas e cuidadosas com o meio ambiente.
A maioria de nós está extremamente acomodada as praticidades. É mais fácil jogar a embalagem de bombom pela janela do ônibus do que guardá-la no bolso, é mais fácil entupir os bueiros da cidade com qualquer porcaria do que aguardar para chegar em casa. É fácil ficar com preguiça e difícil fazer o que se deve. Ainda somos hipócritas para não perceber que a realidade é conseqüência das nossas atitudes, ou da falta delas.
Idéias e frases bonitas todos falam, mas poucos fazem algo em que coloque o meio ambiente como primeiro plano. Não pense diferente, aja diferente.
Cântico Negro
ResponderExcluir"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide!
Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder nanoite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
José Régio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_R%C3%A9gio
http://picasaweb.google.com.br/lh/photo/IdgMRHoahV0NhdaFtK-qlw?authkey=Gv1sRgCL76laKa14ri8gE&feat=directlink
ResponderExcluirAs texturas escondidas na cidade espelham um pouco da civilização que optou pela omissão e descuido, mesmo assim ao escrever com a luz é possível captar um pouco da poesia e da cumplicidade imanentes às mesmas.
Marcos Vieira